Em 1692, Elizabeth Parris de nove anos e a sua prima Abigail Williams de onze começaram a ter convulsões, elas gritavam, atiravam objectos, faziam sons estranhos e contorciam-se. O reverendo Parris, pai de Elizabeth, tio de Abigail e uma das pessoas mais influentes em Salem chamou o médico. Depois de examinar as crianças o médico chegou à conclusão que o problema não era natural, mas sobrenatural, Abigail e Elizabeth eram vitimas de feitiçaria. Outra menina de onze anos chamada de Ann Putnam também demonstrou os mesmo sintomas.
As meninas foram levadas para ser ouvidas pelos magistrados Jonathan Corwin e John Hathorne, elas acusaram três mulheres de bruxaria: Tituba, a escrava dos Parris vinda das caraíbas e ama (babá) das meninas; Sarah Good, uma sem-abrigo (desabrigada); e Sarah Osborne, uma idosa bastante pobre.
As três mulheres foram trazidas aos magistrados e interrogadas durante vários dias. Osborne dizia-se inocente, Good também se dizia inocente, já Tituba confessou dizendo que "O diabo veio até mim e pediu-me para o servir". Ela descreveu que via vultos de cães negros, gatos vermelhos, pássaros amarelos e o um homem de negro, o diabo que queria que ela assinasse no seu livro. Ela admitiu ter assinado o livro e revelou que haveria outras bruxas em Salem que queriam destruir todos os Puritanos. O caso das crianças enfeitiçadas junto com os ataques indígenas à cidade e um surto de varíola resultou numa histeria colectiva e na conspiração de que a bruxas estavam por trás das misérias da cidade. As três mulheres foram presas, e foi provada a bruxaria através de um conceito legal chamado evidencia espectral, em que o testemunho da aparição do espírito ao do espectro do acusado serve como prova de bruxaria. Ambas as crianças afirmavam que o espectro de Tituba as afligia. Um ano depois de ser presa Tituba foi vendida como escrava. A filha de 4 anos de Sarah Good também foi presa por suposta bruxaria e acabou por morrer lá.
Na onda da histeria colectiva vivida na cidade os magistrados, Corwin e Hathorne, mandaram prender mais pessoas acusando-as de bruxaria, na sua maior parte os acusados eram mulheres pobres.
Não durou muito até que as execuções de supostas bruxas começassem, a primeira foi Bridget Bishop, uma mulher de meia idade conhecida por promiscuidade e bisbilhotice, ela era dona de um pomar de maçãs onde hoje fica um restaurante chamado Turner's Seafood. Depois de presa, durante o julgamento ela foi perguntaram-lhe se ela praticou alguma vez bruxaria, ela respondeu: "Sou inocente como uma criança por nascer", mas várias eram as testemunhas contra ela, o que fez com que ela fosse considerada como culpada e sentenciada à morte por enforcamento e foi executado em Gallows Hill. Depois de Bishop, foi a vez de Martha Corey que era uma ajudante na igreja local, que não acreditava em bruxas e achava que as testemunhas estavam a mentir e Rebecca Nurse, membra da igreja da cidade de Salem, serem enforcadas. Durante o julgamento Rebecca Nurse tinha sido considerada inocente, mas no momento em os jurados tomaram essa decisão todas as crianças presentes na sala começaram a ter convulsões e isso fez com que voltassem atrás na decisão e a considerassem culpada.
Os registos históricos mostram que é evidente que parte dos supostos bruxos e bruxas foram acusados por terem propriedades, gado ou outros bens que podiam ser confiscados depois de eles serem considerados culpados, isso leva a concluir que os magistrados se aproveitaram da situação para enriquecer o que significa que algumas condenações foram motivadas por pura ganancia.
Giles Corey é um desses exemplos, também foi o único suposto bruxo que não morreu por enforcamento e caso a curiosidade surja na tua cabeça: sim, ele era casado com Martha Corey.
Perante os magistrados, Corey ficou em silencio, com um olhar desafiador, não podiam considerar ele nem culpado nem inocente sem que ele falasse, então, irritados, o magistrados decidiram-lhe torturar até que ele falasse, o método usado foi "peine forte et dure" (punição forte e dura), comummente usado no sistema legal. Essa tortura consistia em deitar o acusado no chão, pôr uma placa de madeira no seu peito e ir pondo pedras em cima dele, a pressão sobre ele causada pelo peso de pedras e mais pedras iria provocar dores, assim ele iria confessar. Mas mesmo assim Corey manteve o silencio e ao fim de dois dias de tortura ele morreu. Sendo assim o tribunal foi tratar de reclamar as propriedades e Corey, mas antes de ele ir a julgamento ele transferiu a sua quinta (fazenda) para dois genros, assim a sua família conseguiu manter a quinta.
As acusações só terminaram quando, em 1693, Cotton Mather, um pregador de Boston, soube das atrocidade que ocorreram em Salem então escreveu um ensaio alegando que evidencia espectral não era uma prova válida o que impediu que os julgamentos de bruxas continuassem.
Vários locais são assombrados ainda hoje por os acontecimentos de 1692, o unico edifício que sobrou dessa época foi a casa do magistrado Jonathan Corrin, ela hoje é um museu conhecido como a Casa da Bruxa, os empregados o museu relatam sons de coisas a serem arrastadas, passos no andar de cima e no sotão podem se ver sombras humanas sem corpo a passar. Uma vez uma funcionária estava a mostrar a lista dos condenados a duas turistas quando de repente os candeiros de metal com vela da parede saltaram atravessando a sala assustando as mulheres.
No local onde ficava o pomar de Bridget Bishop foi construído um liceu que mais tarde fechou para se tornar um área de restauração onde agora fica o restaurante Turner's Seafood. Lá ouvem-se passos e vozes misteriosas, o vulto de uma mulher é várias vezes avistado e há fotos que podem se ver faces fantasmagóricas nas janelas com mãos sobre os vidros. Os empregados relaram que quando estavam a arrumar o restaurante que havia no edifício chamado de 43 Church, ele tinham deixado a sala de jantar com com as cadeiras arrumadas e depois quando voltaram encontraram todas as cadeiras em cima da mesa, assustados fugiram, quando voltaram pela segunda vez, as cadeiras estavam de volta ao local.
Gallows Hill, o local dos enforcamentos, hoje fica lá um parque infantil, as pessoas alegam sentirem-se observadas a passar por lá e ouvem sons estranhos, um jovem diz ter gravado um voz sem dono.
O cemitério de Howard Street é sem dúvida o local mais assombrado, foi lá onde Giles Corey foi torturado até à morte. As pessoas dizem que se pode lá ver o vulto de um idoso a passar pelas árvores, foram tiradas várias fotos onde o espirito de Corey foi supostamente captado. Acredita-se que antes de Corey morrer lançou uma maldição sobre a cidade: se alguém ver o espirito de Corey, Salem vai queimar. Em 1914 houve mais de trezentos relatos do avistamento de uma homem velho com roupas rasgadas no cemitério, a polícia foi ao local procurar o homem, mas depois de seis horas de buscas em vão eles desistiram, minutos de depois começou um incendio que durou 15 horas, 1000 edifícios ficaram em ruínas e três pessoas morreram.
Alguns peritos alegam que os fenómenos acontecidos em Salem estão relacionados com um suposto fenómeno electro-magnético chamada de Linhas Ley. No final do século XIX, Alfred Watkins na Inglaterra percebeu que muitos locais sagrados estavam alinhados ao longo do país, a partir daí especulou-se que as e linhas Ley tinham um fluxo de um energia e têm um FEM elevado. E acredita-se que existia uma linha Ley em Salem e que a energia afectou as pessoas levando à histeria. A chamada linha dos Juízes passa por locais como a casa da bruxa, casas de vário jurados e acusados e termina em Gallows Hill onde as bruxas foram executadas. Também se diz que a linha catalisa os fenómenos paranormais de Salem.
Em 1996 saiu um filme chamado de The Crucible sobre as bruxas de Salem e em 2014 saiu a série chamada Salem.
Espero que tenha gostado deste artigo sobre as bruxas de Salem, nas fontes está o documentário que me inspirou a escrever isto, dê uma olhada e obrigado por ler.
Fontes:
- Smithsonian.com
- Youtube - Documentário do History
- Definitions, US Legal.com
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